sexta-feira, 27 de abril de 2012

DEUS NOS LIVRE DE UM PAÍS EVANGÉLICO

Nota: Ricardo Gondim é um pastor cearense. Já foi dublador do famoso televangelista Jimmy Swaggart e hoje tem uma visão diferente sobre religião. Suas palavras e entrevistas têm causado grande celeuma no meio evangélico. Muitos crentes leem suas obras às escondidas, pois temem ser punidos. Seus adversários criaram o termo GONDINISMO para referir-se à "obra demoníaca" que ele tem feito. Meditem no que diz e opinem -
Gilberto Cardoso Dos Santos




DEUS NOS LIVRE DE UM PAÍS EVANGÉLICO - Ricardo Gondim

Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.
Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.
Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar “crente”, com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).
Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.
Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadú? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?
Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?
Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.
Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.
Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?
Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.
Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.
Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.
Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.
Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista.
O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.
Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.
Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico.

16 comentários:

  1. Deus nos livre de um Brasil Evangélico!!!

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  2. CONCORDO EM PARTE COM ESSE CARA,POIS ELE TB ESTÁ SENDO MUITO RADICAL PENSANDO ASSIM. TD ISSO É MUITO RELATIVO E NÃO DEVEMOS MONOPOLIZAR O EVANGELISMO DE UMA FORMA TÃO RÍGIDA...NÃO SOU EVANGÉLICO,MAS APRECIO ALGUNS DOGMAS DESSA RELIGIÃO E DISCORDO DE MUITAS DO CATOLICISMO. CONCORDO QUE O BRASIL PRECISA SER TRANSFORMADO E LIVRE DA BAIXARIA DA TELEVISÃO PELA ÉTICA E PELO AMOR A HUMANIDADE,PORÉM,SEM RADICALISMO.

    PEDRO

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  3. concordo com pedro! devemos ser inteligentes e não radicalizar a esse ponto. devemos analisar o todo de todas as formas. ELE fala de radicalismo e está sendo um.

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  4. CRITIQUEM A VONTADE,MAS,NÃO ESQUEÇAM QUE DEUS REALMENTE EXISTE. NÃO AO ATEÍSMO. MIL VEZES NÃOOOOOOOOOO!

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  5. se olhar com carinho o catolicismo é mais rígido do que o evangelismo, a pesar dos pesares. vai olhar os dogmas da igreja católica,nada é permitido. td é abominável.o casamento deve ser eterno. rsrs a pessoa tem que ser batizada assim que nasce pq se não é pagão e por aí vai...é demais! ainda prefiro ser evangélica! NÃO A TV BRASILEIRA!

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  6. é melhor um país católico ou macumbeiro?

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    1. macumbeiro, coisa de brasileiro!!!!! esse teu troço é de europeu,,, conhece bicho mais ruim?????
      esse anonimo é um crente camuflado,,,

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  7. tá dando ibope! rsrs ainda prefiro um Brasil evangélico!

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  8. Deus nos livre de um Brasil evangélico!
    Texto sensacional!

    E eu acrescento: Deus nos livre de um Brasil católico, espírita, budista, umbandista, ateu...

    Só há uma forma possível em que todas as diferentes opiniões religiosas podem ser respeitadas.

    Que Deus nos mantenha e nos fortaleça em um estado LAICO, onde não exista religião oficial e onde nenhuma vertente religiosa possa ser beneficiada em detrimento das tantas outras que esse país continental abriga.

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  9. Deus nos livre de um Brasil evangélico!
    Texto sensacional!

    E eu acrescento: Deus nos livre de um Brasil católico, espírita, budista, umbandista, ateu...

    Só há uma forma possível em que todas as diferentes opiniões religiosas podem ser respeitadas.

    Que Deus nos mantenha e nos fortaleça em um estado LAICO, onde não exista religião oficial e onde nenhuma vertente religiosa possa ser beneficiada em detrimento das tantas outras que esse país continental abriga.

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  10. TÁ PEGANDO FOGO! IUHHHHHHHHHHHHH
    CONCORDO COM DIOGENES!

    JOANA

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  11. e eu digo...deus nos livre do fanatismo..da cegueira espitual...e dos falsos profetas.

    Amanda

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  12. devemos respeitar todas as religiões e nos manter fora do fanatismo.

    Selma

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  13. Deus nos livre de qualquer tipo de fanatismo, seja ele religioso, político etc. Deus nos livre de imposições. Ninguém merece!

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  14. Deus nos livre do que esse falso profeta fala, esse ai e o tal falso profeta mesmo tenham cuidado!

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  15. Deus nos livre dele mesmo. Vejo que ele só conhece de "culturas", mas do que é espiritual, do tempo que ele foi evangélico, não sobrou nada, pois nada ele colheu e vivenciou. Tais são os que preferem olhar o material, o corriqueiro e a glória do reconhecimento próprio, a buscar o que é melhor para o espírito! Quem disse que evangélico não pode ser político? Ou participar de festas sãs e datas comemorativas? Ou estudar em universidades e até mesmo publicar teorias, axiomas e leis científicas? Ou jogar, qualquer jogo que não seja de azar? O que ele fez quando era evangélico? Discutiu com Deus suas ideologias e ficou sem resposta? Moustrou-se fraco e incapaz de lutar pelos seus ideiais à busca de elogios e atenções passageiras! Meu caro, eu, tu, eles, todos nós, somos poeira pensantes neste vasto mundo de desertos...Com certeza, um país totalmente evangélico, expurgaria pessoas como você, não para a prisão, nem para o desprezo, mas para o bom entendimento! Que Deus te abençoe!

    Andrier Lima
    http://www.facebook.com/andrier.rn

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