sexta-feira, 30 de agosto de 2013

CONTEMPLANDO UM FAISÃO - Gilberto Cardoso dos Santos



É penoso depenar
um bicho assim pra comer
é até pecado matar
algo feito pra se ver
quem tal design criou?
que hábil mão o desenhou?
gostaria de saber.

Este petisco da vista
é visual pregação
que faz qualquer ateísta
tremer na explicação
sua estética perfeita
desconserta quem rejeita
a ideia de criação.

Uma vontade ansiosa
nós sentimos de encontrar
esta mão habilidosa
capaz de o originar
uma arte sem artista
em nossa visão simplista
é impossível se achar.

Detalhes maravilhosos
Neste faisão multicor
mas dentes impiedosos
de um faminto predador
veem carne suculenta
para a mãe que amamenta
outro bicho encantador.

Tudo parece ser feito
para deleite do olhar
mas o design perfeito
não foi feito pra durar
finda-se toda magia
dentro da grade sombria
da cadeia alimentar.

13 comentários:

  1. Descrição de Mestre, e apelo vegano de qualidade.

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  2. Que linda imagem visual
    comparada a um pavão
    faisão mais belo em visual
    por cores que chama atenção
    vermelho é o seu peitoral
    manto em cores, só visto no faisão.
    este e o pavão, eita que criação.

    Jadson Umbelino.

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  3. Poderia ser transformado em Salmo pelo conteúdo sacro!

    As penas dariam belos artesanatos indígenas!

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  4. 31 de agosto de 2013 10:00

    Meu caro amigo Gilberto,
    Meditei muito em seu poema
    E cheguei à conclusão
    Que ele esconde um dilema,
    Pois a natureza que tudo cria
    É também ela mesma autofagia
    E nada escapa ao seu sistema.

    O homem é o lobo do homem
    Já dissera o Thomas Hobbes
    E em sua fome carnívora, voraz,
    Devora mesmo as presas nobres.
    Ignorando a candura e a beleza,
    Tudo ele põe no prato, na mesa
    Até que em pó se transforme.

    No processo de seleção natural
    O leão devora a bela gazela,
    A aranha degusta a mosca azul.
    O homem põe na panela:
    O coelho, o galo, o pavão,
    O boi, o preá e o faisão.
    Tudo passa em sua goela.

    Vou fazer também perguntas
    Não tome por mera provocação
    Mas de que artista tu falavas?
    E de quem é mesmo aquela mão?
    Por ventura seria a mesma
    Que em sua fome acesa
    Pediu cordeiros em oblação?

    Tão belo e tão colorido
    Estaria o pobre faisão
    Nos alimentos autorizados
    No livro da criação?
    Se reconhecerdes que sim
    Hás de culpar a mim
    Ou ao pintor, àquela mão?

    Marcos Cavalcanti

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  5. Resposta a Marcos:

    É a mão que fez a plaga
    onde a beleza viceja
    às vezes é mão que afaga
    e em outras que apedreja.

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  6. Se o ser que fez a plaga
    É o mesmo que apedreja
    É um ser que se apaga,
    Se existe? que eu não veja.

    Marcos Cavalcanti

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  7. É aquela mão invisível
    que de maneira terrível
    deixou Sodoma arrasada
    porém, depois se encarnou
    e humildemente findou
    numa cruz, ensanguentada.

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  8. Você narra distintos atos
    Mas nenhuma morte redime
    Outros tantos assassinatos
    Se é uma só essas duas mãos
    Está evidente a contradição
    Nestes dois falsos cognatos.

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  9. Disse alguém certo dia
    pra nunca bater num cão
    com aquela mesma mão
    que sempre o acaricia
    poderá acontecer
    que ele fique sem saber
    qual o gesto pretendido
    e ao sua mão levantar
    para o acariciar
    acabe sendo mordido.

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  10. A pelagem deste faisão,
    é diversificado ao ver
    nos levar a emoção
    sem nos perceber
    que valor de criação
    que bela intenção
    eu ganhei esta visão
    ao contemplar um faisão.

    Jadson Umbelino.

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  11. Gilberto Cardoso Dos Santos é de sua autoria, muito bonito e reflexivo, gostei!

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  12. Lendo esse belo poema
    Que o poeta Gilberto escreveu
    De um colorido de penas
    Trago uma lógica serena
    Para o desenho perfeito do faisão
    Fico admirado com tanta admiração
    Pois se quem fez não foi dedo o de Deus
    E possível ter sido uma explosão?

    Jonas Borges

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  13. Lendo esse belo poema
    Que o poeta Gilberto escreveu
    De um colorido de penas
    Trago uma lógica serena
    Para o desenho perfeito do faisão
    Fico admirado com tanta admiração
    Pois se quem fez não foi dedo o de Deus
    E possível ter sido uma explosão?

    Jonas Borges

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