segunda-feira, 28 de outubro de 2013

UM ENTERRO IMAGINADO - Gilberto Cardoso dos Santos


Imaginei um enterro para o senhor Tota Branco totalmente diferente do que costumamos ver. Um enterro parecido com os daquelas culturas em que se celebra a morte como instante de alegria.

Poetas de várias partes, afamados violeiros a quem ele ajudou, cantariam com eloquência e encantador improviso a importância de sua vida e o muito que ele fez pra promover a cultura.

As violas carpideiras, chorariam pelo povo, porém um choro gozoso, nascido da poesia.
Seria um dia de canto na cidade do Japi, e a maior cantoria que ali poderia haver. 

De longe se ouviria poemas que apreciava. Muita gente correria seduzida pelo canto para se fazer presente nessa bela despedida.

Uma atmosfera sagrada invadiria a cidade e lágrimas brotariam do olhar da multidão.

No centro, o velho poeta, cercado por tanta gente, liberto das muitas dores, pareceria sorrir ante tão grande homenagem. 

Os artistas da cidade e os poetas da família tomariam, de mãos dadas, o propósito de manter acesa pra sempre a chama que ele tanto protegeu. A cultura popular então ressuscitaria com todo aquele vigor que já teve no passado.

Seria com este séquito inebriado de versos que ele entraria pra sempre num lugar onde o silêncio é pleno de poesia.



7 comentários:

  1. Sem dúvida é bem diferente mesmo, um enterro de um imortal, (o poeta), sendo esta pessoa que deixa obras literárias ou aqueles com invenções marcantes durante a sua passagem aqui na terra, eterniza seus feitos. Será apreciado por geração futura, como também garante eterna lembrança deste eterno imortal, Tota Branco. Mortais são todos, imortais são poucos.
    Jadson Umbelino

    ResponderExcluir
  2. Obrigado, Gilberto! Linda homenagem.Meu filho disse que os anjos no céu trocaram harpas por violas para recebê-lo.Que seja assim!

    ResponderExcluir
  3. O Poeta vai mas a poesia fica para sempre!!

    ResponderExcluir
  4. Não cheguei a conhecer o seu Tota Branco, mas pela belíssima crônica dá para se ver que a poesia e a cultura perdem um de seus grandes admiradores e incentivadores. Fica a certeza de que muita gente boa estará esperando por ele para, juntos, fazerem o "coro" poético no Reino de Deus e seus familiares e amigos ficam lembrando-o e ouvindo-o sempre, pois a poesia é imortal.

    ResponderExcluir
  5. Um primo e poeta, que deixou mta saudade e lembranças fixas em nossos corções!

    ResponderExcluir

Comentários com termos vulgares e palavrões, ofensas, serão excluídos. Não se preocupem com erros de português. Patativa do Assaré disse: "É melhor escrever errado a coisa certa, do que escrever certo a coisa errada”